O ex-secretário Nacional de Vigilância em Saúde, Wanderson de Oliveira concedeu entrevista exclusiva ao jornal da Itatiaia I Edição desta terça-feira. O doutor em epidemiologia ficou conhecido nacionalmente pelas coletivas diárias que eram feitas pelo Ministério da Saúde, nas gestões de Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich.
Na avaliação dele, a pandemia, no Brasil, segue curso "próximo da história natural" do vírus. "Se não estivéssemos fazendo absolutamente nada, esse seria o padrão que a gente esperava. Claro que teve algum nível de impacto com as medidas, mas foi pequeno para reverter as projeções pessimistas", explica.
"O que faltou foi o distanciamento social bem feito, tanto no momento certo quanto na intensidade certa. Temos cidades que entraram muito cedo e outras que entraram tardiamente. As pessoas aderiram parcialmente ao uso de máscaras e distanciamento social em lugares públicos, mas, mesmo assim, aglomerações estão acontecendo. Isso vai reverter, mais à frente, em casos e óbitos", ressalta.
Sobre a atual gestão do Ministério da Saúde, atualmente comandada pelo militar Eduardo Pazuello, Wanderson diz que as ações estão mais "vocacionadas para questão de logística de distribuição de insumos adquiridos entre fevereiro e março".
Wanderson classifica que a pior dificuldade da atual gestão é "no processo de comunicação de risco". "Nós fazíamos coletivas diárias, porque como era uma doença nova precisávamos prestar explicações", diz.
Vacinas
Embora devam estar finalizadas até o fim deste ano, Wanderson acredita que a testagem em massa da população deva ocorrer entre abril e junho do ano que vem.
"Ter uma vacina até o final do ano, possivelmente, teremos sim. Mas isso quer dizer que ela vai estar em registro, Agência de Vigilância Sanitária, estar sendo distribuída em volumes menores. No próximo ano, creio que entre abril e junho, nós teremos, sim, possivelmente, a vacina caso as que estão em testagem demonstrem eficácia e segurança com baixos efeitos colaterais", completa.
Duas vacinas estão em fase 3 de testes no Brasil. A Coronavac, que é produzida em parceria da empresa chinesa Sinovac com o Instituto Butantan, e a de Oxford, que tem acordo com a Fundação Oswaldo Cruz (FioCruz).
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