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Saúde Contraceptivo

Pílula anticoncepcional: os 60 anos que revolucionaram o mundo

O contraceptivo mais utilizado pelas mulheres trouxe mudanças significativas no comportamento da humanidade, como a autonomia sexual feminina

08/09/2020 às 11h47
Por: Redação Fonte: O Tempo
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Pílulas anticoncepcionais trouxeram mais liberdade de escolha para as mulheres Foto: Hélvio/O Tempo
Pílulas anticoncepcionais trouxeram mais liberdade de escolha para as mulheres Foto: Hélvio/O Tempo

A década de 60 começou com uma bomba social em forma de minicomprimidos e cartela colorida – chegavam às farmácias os primeiros anticoncepcionais nos Estados Unidos. O medicamento permitiu a revolução e a autonomia sexual feminina, fornecendo o controle da possibilidade de engravidar.

O tom revolucionário da novidade estava até na publicidade, que fazia referência do medicamento à figura de Andrômeda, princesa na mitologia grega oferecida como sacrifício a um monstro marinho. Nas propagandas da época, a mulher se via livre de correntes, simbolizando a libertação da ameaça da gravidez indesejada. Segundo os especialistas, a possibilidade de as mulheres trabalharem sem interrupção foi um dos principais motivos para a criação do medicamento, que completa seis décadas em 2020. 

De acordo com a professora do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de Medicina da UFMG Ana Luiza Lunardi Rocha, a pílula revolucionou hábitos sexuais, dissociando sexo de reprodução, e ajudou a consolidar a mulher no mercado de trabalho, permitindo que ela conquistasse o direito de escolha da maternidade. Hoje, no Brasil, 27% das mulheres em idade reprodutiva utilizam contraceptivos orais, sendo justamente a pílula o mais usado no país e no mundo.

“Hoje, a pílula é um grande aliado da mulher, ela ajuda a diminuir a mortalidade materna. Sabemos que em países onde existem mais opções de contracepção os índices de desenvolvimento humano são maiores. A pílula é o poder da mulher de escolher, de ela ter controle sobre sua vida. Escolher se quer ter filho, quando quer e quantos filhos quer. A questão da contracepção é uma luta das mulheres de direito de escolha e liberdade”, avalia. 

Mas, nas seis décadas desde sua criação, o entendimento nem sempre foi esse. A pílula surgiu em meio a muita resistência crítica, segundo os estudiosos. Nos Estados Unidos, o medicamento chegou às farmácias em 1960. No Brasil, só em 1962 ela começou a ser comercializada. No início, só as casadas tinham autorização para comprar o remédio, e era preciso autorização do chefe da família para que a mulher pudesse ter direito de usá-lo. 

“A pílula era associada a ‘coisa de feminista’, o argumento era de que era algo a favor da promiscuidade, muitas religiões faziam a associação da pílula a ser contra a família. A mulher não podia escolher o número de filhos, tinha que aceitar essa missão como se fosse uma dádiva divina. Isso fazia com que a mulher tivesse vários filhos, ficasse fora do mercado de trabalho e não competisse com igualdade com os homens. Não existia o entendimento da sexualidade da mulher. A pílula revolucionou isso”, pontua a professora da UFMG Ana Luiza Lunardi Rocha. 

Evolução da pílula

Comparada às primeiras pílulas, os anticoncepcionais modernos são infinitamente mais seguros. Ao longo de seus 60 anos, o medicamento evoluiu muito. Segundo o médico Carlos Alberto Politano, membro da Comissão Nacional de Anticoncepção da Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), a quantidade de hormônio caiu até 90% em algumas versões.

No livro “O Nascimento da Pílula”, o americano Jonathan Eig relatou, inclusive, que na época os responsáveis pela primeira pílula sabiam que ela poderia gerar uma série de efeitos colaterais graves, como a trombose. Mas a agência norte-americana responsável pela aprovação de medicamentos, Food and Drug Administration (FDA), avaliou que a gravidez indesejada era um problema ainda maior. “As altas dosagens causavam mais efeitos colaterais, como náuseas, vômitos, manchas na pele, dor de cabeça, além dos mais graves, como trombose e piora dos níveis de colesterol”, explica Politano.

Hoje, existem diversos tipos de medicamento, cada um para uma mulher diferente, e com menos efeitos colaterais. De acordo com o especialista, não há motivo para se preocupar. Ele frisa que as pílulas são seguras e cada vez possuem menos efeitos colaterais. Atualmente, existem dez métodos anticoncepcionais disponíveis no mercado para as mulheres. Mas, mesmo com tantas novas opções, existe ainda uma tendência, segundo os especialistas, de mulheres que querem ingerir menos hormônios, procurando métodos contraceptivos mais naturais.

Relatos sobre os efeitos colaterais do anticoncepcional cada vez mais ganham espaço e visibilidade nas redes sociais, fortalecendo essa corrente e gerando questionamentos sobre se a pílula ainda é a melhor opção. Entre os maiores temores e buscas sobre o tema no Google estão os efeitos colaterais graves, como a trombose e episódios de Acidente Vascular Cerebral Isquêmico (AVCI), além do gasto com o medicamento. A estimativa é que, em dez anos, uma mulher gasta, em média, R$ 5.000 com a pílula.

Para o médico Carlos Politano, de forma geral, a pílula é contraindicada para fumantes, hipertensas, pessoas com diabetes, obesas e mulheres que têm doenças cardíacas e vasculares, como trombose, em seu histórico familiar. “Vemos essa migração pela falta de aconselhamento. A pílula é vendida sem receita e, muitas vezes, usadas de forma inadequada. Algumas mulheres compram pela indicação da amiga ou pela internet, isso faz com que se possa ter efeitos colaterais severos. O melhor método é aquele discutido com o médico, mas, claro, a paciente escolhe o que se sente melhor levando em consideração suas particularidades”, explica. 

Apesar dos casos, os médicos garantem que, mesmo com essa nova corrente, a pílula continua sendo o medicamento contraceptivo mais utilizado no Brasil e no mundo. Para a professora da UFMG Ana Luiza Lunardi Rocha, além de prevenir a gestação indesejada, as pílulas podem contribuir para o tratamento de doenças, como ovário policístico e endometriose. A pílula ainda pode ajudar na diminuição do sangramento menstrual, na melhora da cólica menstrual, além da diminuição do controle de oleosidade e acne.

“O grande medo é a trombose, mas o risco é muito pequeno, se o medicamento foi receitado por um médico que fez um exame clínico e avaliou o histórico familiar. A estimativa é que isso possa ocorrer a cada dez mil mulheres em apenas seis. Mas sabemos que mulher quer sentir mais o corpo, tem sido uma tendência, mas a pílula pode ajudar em vários outros problemas, além da contracepção. É um método seguro”, afirma. 

Pílula masculina
Após 60 anos da criação da pílula anticoncepcional feminina, ainda não existe uma medicação semelhante para os homens. Um método contraceptivo masculino ainda está longe de chegar às prateleiras. Os medicamentos estudados ainda passam por teste, e a expectativa é que só chegue ao mercado em 2030. Só no ano passado as primeiras aplicações de contraceptivos masculinos em humanos foram aprovadas. 

“O principal ponto é que a questão do planejamento familiar está muito ligada à mulher; existe essa cultura, ela que vai ao médico e assumiu essa responsabilidade. Não existe também interesse na indústria para algo masculino, por isso não existe financiamento para isso, nem dos governos. A justificativa seria de que os homens esquecem ou não estariam interessados, mas não é verdade”, destaca Carlos Alberto Politano, membro da Comissão Nacional de Anticoncepção da Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo). 

Gratuito

O Sistema Único de Saúde (SUS) prevê a distribuição de oito tipos de métodos contraceptivos: os preservativos masculino e feminino, a pílula combinada, o anticoncepcional injetável mensal e trimestral, o DIU de cobre, a minipílula, a anticoncepção de emergência e o diafragma. Mas, atenção: procure sempre um ginecologista antes de iniciar qualquer medicação. A camisinha ainda é o único método de prevenção a infeções sexualmente transmissíveis. 

Mitos e verdades
A pílula diminui a líbido? Sim, mas varia de pessoa para pessoa, segundo os médicos.

Qual o risco ao se esquecer de tomar pílula um dia e ter relações sexuais sem camisinha? Se o medicamento for esquecido por um dia, a eficácia do método cai consideravelmente e o risco de engravidar aumenta.

Pílula faz engordar e aumentar celulite? Não faz engordar, mas faz o corpo reter mais água, o que passa a impressão de que houve aumento de peso.

Mulheres que tomam pílula demoram mais para engravidar quando param? Não, o uso de anticoncepcional não altera a fertilidade.

Alguns remédios podem anular o efeito do anticoncepcional? Sim, por isso é sempre importante consultar o médico para tomar qualquer remédio.

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