Os habitantes de 17 municípios de Minas Gerais já sabem quem vencerá a eleição para prefeito em novembro. E não se trata de favoritismo ou somente força de expressão. Sem nenhum concorrente, os candidatos únicos destas cidades precisam literalmente de apenas um voto válido – nem que seja o deles mesmos – para garantir o mandato.
É o caso de Alexandre Borges (Pros), postulante à reeleição em Ibitiúra de Minas, na região Sul do Estado. Em tom de comemoração antecipada, ele diz que a boa gestão desencorajou o lançamento de outras candidaturas.
“Acredito que seja a satisfação com a minha administração. É um fato inédito nos 57 anos de nossa cidade. Creio que é a nova política que venho implantando, com união e mãos dadas. A oposição nem se preocupou em lançar um concorrente, porque até mesmo a oposição está satisfeita. Oposição no sentido figurado, porque hoje não tem mais”, discursa.
De fato, até as chapas de candidatos a vereador estão limitadas a duas legendas da base de apoio ao prefeito (Pros e PSB). Mesmo sem precisar pedir votos, porém, o candidato afirma que a campanha será realizada normalmente. O partido dele está autorizado a gastar até R$ 123 mil em divulgação, entre fundo eleitoral e arrecadação própria, segundo o TSE.
“Vai proceder normal. A gente tem o dever e o compromisso de informar o que fizemos e passar o nosso plano de governo para os próximos quatros anos. E também vamos levar o nome dos nossos vereadores”, justifica.
Além de Ibitiúra, há outros três municípios do Sul de Minas nesta situação: Alagoa, Consolação e Piranguçu. Completam a lista Coronel Xavier Chaves e Santana do Garambéu (Campo das Vertentes), Monjolos e Presidente Juscelino (Central), Diogo de Vasconcelos e Nova União (Metropolitana), Aguanil e Carmo do Cajuru (Oeste), Itinga (Jequitinhonha), Pintópolis (Norte), Delta (Triângulo), Umburatiba (Vale do Mucuri) e Araponga (Zona da Mata).
“Nestes locais, o candidato estará eleito, se for o caso, com um único voto. Só teremos outra eleição se todos os votos forem em branco ou nulos”, esclareceu em nota a assessoria do Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais (TRE-MG).
O número de candidaturas únicas ainda pode aumentar, caso haja desistências ou indeferimentos nos 349 municípios mineiros com apenas dois concorrentes registrados.
Um exemplo é Santana de Cataguases, na Zona da Mata. O candidato Edgar Xavier (PSDB) foi o primeiro postulante do Estado a ter o nome indeferido pela Justiça Eleitoral, ainda na semana passada. Se o recurso apresentado pela defesa dele não for acatado, o adversário Marcos Ferreira (PSD) terá caminho livre para assumir o cargo.
Em rápido contato com a reportagem, Xavier disse estar tranquilo e garantiu que a campanha seguirá normalmente. “Confiança e fé em Deus que vai dar certo. O nosso jurídico está afirmando que dentro do processo não há problema ou motivo para ser indeferido. Nossa expectativa é muito boa”, resumiu o candidato da situação.
No outro extremo, o município com maior concorrência será Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte. Com 16 candidatos, a cidade aparece à frente inclusive da capital, cuja disputa neste ano também será marcada por um recorde de postulantes (15).
Em todo o Estado, segundo os dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), foram registradas 2.738 candidaturas a prefeito(a). Isso representa uma média de 3,2 postulantes por vaga e um aumento de 10% em relação ao pleito de 2016.
Os partidos com mais candidatos a prefeito em Minas Gerais neste ano são MDB (233), PSD (208), PSDB (190), PT (190) e DEM (180).
Os homens representam a enorme maioria entre os postulantes ao cargo executivo. São 2.453 concorrentes do gênero masculino e apenas 285 do feminino. Pela primeira vez, candidato(a)s travestis e transexuais poderiam utilizar o nome social na urna eletrônica, mas não houve nenhum registro com a nova identificação nas chapas majoritáras.
Os candidatos declarados brancos são 64,2%, seguidos pelos que se identificaram como pardos (29,2%), pretos (4,7%), amarelos (0,4%) e indígenas (0,04%).
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