A carpintaria onde trabalha o Marcos Magela de Morais, de 60 anos, está debaixo da água. A sede do comércio fica em Vespasiano, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. O local foi tomado pela enchente do último fim de semana e, nesta segunda-feira (10), o empresário passou o dia, de barco, recolhendo o que pode ser recuperado dentro do galpão.
Foram 40 anos de trabalho, na empresa que foi montada pelo pai dele, na rua Miguel Timponi, no Centro da cidade. O prejuízo, com a perda de produtos prontos para a entrega, com maquinário e matéria-prima ultrapassa, segundo Marcos, R$ 1,5 milhão.
“Tenho muito material de isolamento térmico, tecido para painel acústico, equipamento estrutural. A água atingiu os galpões e o escritório, com arquivos, documentações”, descreveu.
Marcos contou que estava no local no momento em que a água invadia a carpintaria. Ele disse que tudo aconteceu rápido demais.
Carro ficou debaixo de água em galpão no Centro de Vespasiano — Foto: Marcos Magela de Morais/Acervo Pessoal
“A gente fica com uma sensação de que a gente não é nada. Fica olhando, inerte, a água subir para o seu pé. Estou com três veículos embaixo da água. É uma sensação de que você não sabe o que salvar. O almoxarifado? Os carros? A água subiu muito rápido. Você pensa em tudo o que você construiu, trabalhou. Uma sensação de total impotência”, desabafou.
De acordo com Marcos, a água permanece no galpão. Entre as razões para isso está a continuidade da chuva. Ele também conta que a drenagem das ruas é a única capaz de reduzir o nível da água. Pelo relato dele, os bueiros estão lotados e o rio continua alto.
“É difícil recomeçar aos 60. Estou desanimado. Já tenho uma história de vida. Aos 60 anos, não aposentei ainda. Agora que eu queria pensar em mim, viver a minha vida com mais calma, querer curtir um pouco mais a minha vida, não vou poder. Aos 60, vou ter que recomeçar tudo do zero, em uma época em que as coisas estão muito difíceis”, avaliou Marcos.
Escritório da carpintaria tomado pela água — Foto: Marcos Magela de Morais/Acervo Pessoal
O empresário relatou que, próximo ao galpão onde fica a empresa dele, está a prefeitura e o fórum do município. Também tem supermercado e uma variedade de outros comerciantes que estão vivendo o mesmo drama que ele. Anualmente. Só que o janeiro de 2022, para ele, foi pior.
“Vou recomeçar do zero, mas preciso ter a segurança do setor público. A gente paga iluminação, paga água, paga esgoto. A gente tem que ter esse retorno. O poder público tem que fazer a parte dele”, cobrou.
O g1 entrou em contato com a prefeitura de Vespasiano e aguarda posicionamento sobre o assunto.
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