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Minas comprou 2 mil munições por hora em 2021

Dados do Exército Brasileiro, obtidos pelo Instituto Sou da Paz e compilados pela reportagem, mostram que Minas Gerais adquiriu 15,3 milhões de balas entre janeiro e novembro do ano passado

09/06/2022 às 11h24
Por: Redação Fonte: Mega Cidade com O Tempo
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Foto: Fred Magno/ O TEMPO
Foto: Fred Magno/ O TEMPO

Armada “até os dentes”. Essa é a única expressão capaz de traduzir o tamanho do arsenal adquirido pela população civil em Minas Gerais entre janeiro e novembro de 2021: 1.926 a cada hora, em média, conforme dados dados do Exército Brasileiro, obtidos pelo Instituto Sou da Paz via Lei de Acesso à Informação (LAI) e compilados pela reportagem. Os dados acompanham outro levantamento da entidade, feito a pedido da Globonews: a população civil armada já supera o efetivo das Forças Armadas: 605.313 contra 356.281.

Em 332 dias, os mineiros adquiriram 15.351.215 projéteis, uma média de 46.238 por dia. Entram nessa conta três tipos de compras: a dos colecionadores, atiradores esportivos e caçadores (CACs); a das pessoas físicas; e as balas vendidas em varejo. 

No cenário nacional, apenas entre os CACs, os brasileiros mais que dobraram esse tipo de compra em relação a 2020: 61,3 milhões contra 28,5 milhões de munições. 

O tamanho da ascensão do mercado bélico em Minas e no Brasil também reflete nos registros do Exército Brasileiro para o funcionamento de novos clubes de tiro. Só na 4ª Região Militar, que compreende todo o Estado (exceto o Triângulo), foram abertos 76 estabelecimentos do tipo – a terceira maior quantidade entre as 12 regionais administrativas das Forças Armadas. 

Só entre janeiro e novembro do ano passado, o Exército registrou 702 clubes de tiro, o que equivale a 38% do total de 1.802 unidades existentes no Brasil. No período, a maior parte dos CNPJs do tipo abertos aconteceu na 5ª Região Militar, que compreende os estados do Paraná e Santa Catarina: 172 estabelecimentos. 

A 4ª RM, onde está Minas Gerais com exceção do Triângulo, ocupa a quinta posição entre as 12 regiões militares do Exército em três quesitos. Um deles é o total de armas com CACs. São 43.097, dessas 13.200 foram adquiridas somente entre janeiro e novembro de 2021 – 30,6% do arsenal total em apenas 11 meses.

A terceira categoria que a 4ª RM, onde está a maior parte de Minas, se destaca é no número de CPFs registrados na base de dados dos colecionadores, atiradores esportivos e caçadores (CACs). No total, 32.741 pessoas podem, legalmente, ter uma arma em Minas. Cada uma delas tem, em média, 1,3 arma à disposição. 

Especialista opina

O especialista em segurança pública e professor da PUC Minas, Luis Flávio Sapori, critica o teor dos números obtidos pelo Sou da Paz e compilados pela reportagem. Para ele, a explosão do acesso à arma no Brasil durante o governo de Jair Bolsonaro (PL) será uma muralha difícil de superar. 

“Nós teríamos condições para, ao longo desta década, manter essa tendência de queda no número de homicídios observada desde 2018. Mas, o governo dá um tiro no pé ao fomentar essa maior oportunidade para aquisição de arma de fogo na sociedade. Está criando um fator de risco para o recrudescimento dos homicídios nas cidades brasileiras”, diz Sapori. 

O especialista vai além. Para ele, independente da abordagem dada pelo próximo presidente ao tema, o estrago da política armamentista do governo federal já está feito. 

“Os ganhos de queda na violência vão ser perdidos. Arma de fogo na mão do cidadão de bem cai nas mãos do cidadão do crime. As armas que estão nas mãos dos traficantes e assaltantes não são importadas no tráfico internacional. São adquiridas de furtos e roubos de supostos cidadãos de bem armados. Para mudar essa direção, o próximo governo, se quiser mudar o foco, vai ter muita dificuldade”, afirma o especialista em segurança pública.

Processo rápido e barato

Para ter uma licença como caçador, atirador esportivo e colecionador, hoje, o cidadão precisa ser credenciado no Exército. Para isso, ele precisa passar pelo teste psicológico feito numa clínica credenciada pela Polícia Federal. 

Após esse passo, é necessário fazer um teste técnico com arma de fogo, que exige um curso com instrutores caso o interessado não saiba atirar e manusear o item. Depois, é obrigatório apresentar certidões negativas da Justiça Eleitoral e comprovar que não responde por processos penais.

Também é preciso informar um local adequado para guarda do acervo a ser comprado e ser filiado a um clube de tiro.

Para se tornar um CAC, a pessoa gasta R$ 100 pelo menos. A licença tem duração de 10 anos. Além de lucrar com a venda de munições, armas e cursos, os clubes de tiro fazem dinheiro com despachantes, que agilizam a aprovação da documentação junto ao Exército e à Polícia Federal. 

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