Oitenta e três tremores de terra foram registrados em Minas em 2022. O número é 245% maior que no ano anterior. Divinópolis, no Centro-Oeste, lidera com folga o ranking no Estado, com 37 abalos sísmicos. O levantamento foi feito pelos centros de sismologias das universidades de São Paulo (USP) e de Brasília (UnB).
A maioria das trepidações é de magnitude de até 3.0 na escala Richter, considerada leve e que não requer alarde. Estudos mais detalhados ainda são necessários para explicar a disparada de ocorrências no território mineiro. Dentre as hipóteses, uma compressão maior dentro da crosta terrestre, que pode ser relação inclusive com as fortes chuvas.
Segundo o estudo da USP, o aumento significativo da pressão da água em fraturas geológicas pode ter facilitado o deslizamento de blocos, causando os tremores. No entanto, normalmente, o volume de precipitações não é capaz de provocar a desestabilização.
“Em 2022 pode ter ocorrido uma compressão maior dentro da crosta. Em 2021, as falhas geológicas podem ter resistido mais as tensões aplicadas. Não temos dados suficientes para afirmar nada com precisão”, afirma o professor do Instituto de Geociências da UFMG, Allaoua Saadi.
Cercado por regiões sísmicas
Além de Divinópolis, Sete Lagoas com 19 e Felixlândia com 4 são as cidades com mais tremores de terra registrados em Minas em 2022.
“Minas Gerais é cercado por regiões sísmicas. O histórico de atividades nessas regiões faz com que possa existir reincidência de tremores, mas não há como prever o comportamento e se existe alguma relação entre as movimentações em Divinópolis e Sete Lagoas”, explica o professor do Observatório Sismológico (OBSIS) da UnB, George Sand.
Os abalos de até 3.0 de magnitude são comuns no Brasil e em Minas. Os maiores tremores registrados aconteceram em São Francisco, em 1931, e Itacarambi, em 2007, no Norte do Estado, ambos com 4.9.
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