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Saúde UTI Neonatal

Sofia fecha 36% dos leitos e médicos abandonam hospital

Com déficit de R$ 1,5 milhão por mês, unidade tem dívida de R$ 100 milhões

16/08/2018 às 11h10 Atualizada em 16/08/2018 às 11h16
Por: Redação
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Foto: Ramon Bitencourt
Foto: Ramon Bitencourt

A crise financeira no Hospital Sofia Feldman se agravou e forçou o fechamento de mais oito leitos de Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) neonatal. Agora, 15 das 41 vagas existentes nas alas voltadas para cuidados de prematuros e recém-nascidos doentes estão desativadas, uma perda de 36% da capacidade de atendimento. A falta de dinheiro para bancar a maior maternidade do Estado também impede a compra de insumos básicos, como medicamentos, e o pagamento de médicos, que estão abandonando os postos de trabalho.

Segundo o diretor técnico e administrativo do hospital, Ivo Lopes, a desativação dos 15 leitos significa o não atendimento de pelo menos 30 recém-nascidos em risco a cada mês. Como resultado, até mesmo o número de cidades atendidas foi reduzido pela metade, passando de 300 para 150. “Não podemos receber grávidas sem condições de fazer o atendimento correto. Sem uma estrutura de UTI neonatal, bebês podem morrer depois do nascimento”, afirma. 

A origem de todos os problemas da maternidade é um déficit mensal de R$ 1,5 milhão, que já resulta numa dívida de R$ 100 milhões. No mês passado, a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) anunciou um recurso extra de R$ 300 mil a R$ 500 mil mensais para o Sofia. Porém, a ajuda não foi suficiente nem para pagar contas básicas, como o salário dos profissionais. A equipe de 1.150 funcionários aguarda receber, por exemplo, o 13° salário de 2017. Além disso, outros 450 não receberam os vencimentos do mês passado. 

Segundo a gestora da linha de políticas institucionais do Sofia, Tatiana Coelho, sem receber, os próprios médicos reduziram, em média, 30% da carga horária trabalhada. Sem informar o número exato, Tatiana confirmou à reportagem que alguns dos profissionais também pararam de atender. “Eles estão saindo porque precisam de dinheiro, e muitos recebem propostas melhores. Não há o que fazer contra isso”, lamentou. 

Por isso, para que os 15 leitos desativados voltem a ser utilizados, será necessário ter mais que recursos. “Precisamos contratar, no mínimo, dez médicos, caso contrário não teremos condições de reabrir as UTIs”, explicou Tatiana. 

Para o presidente da Associação Médica Brasileira, Lincoln Lopes Ferreira, a situação reflete o subfinanciamento da saúde em todo o país, que ainda pode se agravar. “Todos os dias vemos hospitais importantes, como o Sofia, reduzindo leitos até chegar ao extremo de fechamento total da estrutura. Algo precisa ser feito com urgência”, defendeu. 

Respostas. Em nota, a Prefeitura de BH informou que o Sofia não é uma instituição pública e que, portanto, o déficit não é de responsabilidade do município. Apesar disso, disse ter solicitado ao governo federal, por meio da Secretaria Municipal de Saúde, aporte adicional de R$ 18 milhões ao ano para o hospital. O pedido estaria em análise pelo Ministério da Saúde.

Já a Secretaria de Estado de Saúde informou que “a manutenção do Hospital Sofia Feldman é de extrema relevância” e que há um esforço para honrar compromissos pactuados em todas as áreas.

Saiba mais

Recurso. Em agosto, primeiro mês de pagamento do recurso extra prometido pela Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), o Sofia Feldman recebeu R$ 330 mil. O número é 34% inferior aos R$ 500 mil (valor máximo prometido). Isso teria ocorrido devido ao não cumprimento de algumas metas impostas pelo acordo entre a PBH e a unidade de saúde.

Metas. Segundo a diretoria do Sofia, o número de atendimentos determinado pela PBH para chegar aos R$ 500 mil de verba extra não foi alcançado pelo hospital em função da falta de insumos e de profissionais. Ela acredita que o valor que será pago no próximo mês seja ainda menor exatamente em função do fechamento dos leitos de UTI neonatal.

Outros serviços são prejudicados

Não só as Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs) estão sendo afetadas pela falta de recursos no Sofia Feldman. Outros serviços, como a Casa do Gestante, que acolhe grávidas de alto risco do interior do Estado, e o alojamento, que recebe os acompanhantes de bebês internados, também atuam abaixo da capacidade normal. 

Segundo o diretor técnico e administrativo do hospital, Ivo Lopes, a Casa da Gestante pode receber no máximo 20 mulheres. Antes, ela dava apoio para até 40. Já as vagas no alojamento caíram de 80 para 60. “O que vemos é que a cada dia nossa capacidade de receber as grávidas do interior de alto risco vem caindo. E nosso diferencial era justamente esse apoio”, lamentou. 

Por Tatiana Lagôa - OTempo

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