Festa, calor, alegria e excesso de álcool durante o Carnaval são alguns dos gatilhos que podem levar ao sexo sem proteção. E, para evitar uma gravidez não planejada, é comum que as mulheres abusem do uso da pílula do dia seguinte (pílula D).
A maior preocupação dos especialistas está na substituição dos métodos tradicionais de prevenção da gravidez, como o preservativo e os anticoncepcionais pelo medicamento – que deve ser utilizado com receita médica. De acordo com eles, entre 20% e 30% das mulheres – de 15 a 45 anos – utiliza a pílula do seguinte de forma regular. Esse número, no entanto, chega a dobrar no período carnavalesco.
Foi o que aconteceu com a publicitária Isadora*, 26. “Faço uso frequente da pílula anticoncepcional, mas tive uma relação desprotegida no Carnaval. Entrei em pânico com a possibilidade de engravidar e tomei a pílula do dia seguinte algumas horas depois”, conta.
Segundo a ginecologista Cláudia Salomão, diretora da Associação de Ginecologistas e Obstetras de Minas Gerais (Sogimig), essa época é marcada pela maior frequência de relações sexuais não programadas. “Muitas vezes, nem o homem nem a mulher carregam consigo a camisinha e desconsideram a necessidade de pedir a amigos ou de procurar uma farmácia”, diz.
Para o ginecologista Juarez Gonçalo, o maior perigo para as mulheres é transformar a pílula do dia seguinte em um método rotineiro. “Ela deve ser tomada somente em casos de emergência, como quando há violência sexual, rompimento da camisinha ou a mulher se esquece de tomar o anticoncepcional”, adverte. O médico explica que essa é a mesma orientação do Ministério da Saúde, que classifica a pílula como uma Anticoncepção de Emergência (AE).
Efeitos colaterais
O uso correto já traz algumas consequências para o organismo. No entanto, o abuso pode aumentar consideravelmente a presença de sintomas como enjoo, náusea, vômito, sensibilidade nos seios e, principalmente, alteração do ciclo menstrual.
“Além de náusea e de uma vontade muito grande de vomitar, senti uma das maiores cólicas da minha vida. Ela durou dias e era incapacitante. Minha menstruação também adiantou, vindo três dias depois que tomei a pílula”, conta Isadora. Isso acontece porque a pílula do dia seguinte corresponde a 15 comprimidos do anticoncepcional. “Essa carga hormonal é responsável por todos sintomas, além de adiantar ou atrasar a menstruação em alguns dias. O ideal sempre será usar métodos contraceptivos”, frisa Cláudia.
Nunca é demais falar: o alerta para os riscos que envolvem a relação sexual desprotegida vai muito além de uma gravidez não planejada. As doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) são o maior perigo para homens e mulheres e devem ser prevenidas.
“O único método capaz de impedir a transmissão de todas as DSTs, incluindo a Aids, continua sendo a camisinha”, afirma a ginecologista Cláudia Salomão. Ela ressalta que todas as pessoas estão expostas aos riscos.
“Homens e mulheres têm as mesmas chances de se contaminar. Por isso, a atitude de se carregar consigo uma camisinha é responsabilidade de ambos. Prevenir continua sendo melhor do que remediar”, alerta.
Flash
Tempo. A ação da pílula cai com os dias. A eficácia é de 95% nas primeiras 24 horas, 85% em até 48 horas e 58% em até 72 horas.
* Nome fictício
Por Thuany Motta - OTempo
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