O número de casos de dengue aumentou de forma alarmante em quase todo o Brasil nas primeiras 11 semanas do ano, e Minas Gerais é um dos Estados onde os dados são mais preocupantes. De acordo com publicação do Ministério da Saúde desta segunda-feira (25), houve um aumento de 734% nos casos da doença em Minas, se comparados aos números de 2018.
Foram confirmadas sete mortes por dengue este ano no Estado. No último balanço divulgado pela Secretaria de Estado de Saúde, no último dia 18, havia a informação de cinco mortes confirmadas pela doença no Estado e outras 18 estavam sob investigação laboratorial.
Ainda de acordo com o Ministério, até o dia 16 de março deste ano, o Estado notificou 54.961 casos da doença. No mesmo período de 2018, foram 6.586 casos. A incidência em Minas é de 261,2 casos/100 mil habitantes, a quinta maior do país no momento.
Em todo o Brasil, houve um crescimento de 224% no número de casos de dengue. Enquanto nas primeiras 11 semanas de 2018 o país havia registrado cerca de 62.900 casos, no mesmo período deste ano as ocorrências subiram para 229.064. No geral, são 109,9 registros a cada 100 mil habitantes. A maior incidência está na região Sudeste: 65,4% das ocorrências.
O coordenador do Programa de Dengue do Ministério da Saúde, Rodrigo Said, atribui o avanço da doença sobretudo à volta da circulação do sorotipo 2 do vírus da dengue. Como fazia tempo que esse sorotipo não circulava, há maior risco de uma parcela mais significativa da população estar suscetível ao sorotipo. A última epidemia com esse vírus da dengue aconteceu em 2002.
O coordenador afirmou que equipes do ministério acompanham a situação na região mineira atingida pelo rompimento da barragem da Vale. Há uma preocupação de que, com o impacto ambiental provocado pela tragédia em Brumadinho, haja um expressivo aumento de vetores, incluindo o Aedes aegypti. De acordo com ele, os números de dengue aumentaram na região de Betim. Nas demais cidades da região, os números estão estáveis.
A reportagem do Hoje em Dia perguntou à Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) se alguma equipe avalia se o rompimento da barragem da Mina do Córrego do Feijão poderia provocar um aumento no número de casos de dengue no Estado, mas a secretaria ainda não se manifestou.
Não é epidemia
Mesmo com o aumento substancial no número de ocorrências de dengue, o secretário de Vigilância em Saúde, do Ministério da Saúde, Wanderson Kleber, afirma que a situação ainda não é considerada uma epidemia – no último ano de epidemia no país, em 2016, foram registrados 857.344 casos da doença no mesmo período.
Segundo ele, sistema de saúde deve estar preparado para evitar o agravamento da situação e do número de mortes. “O Brasil vem de dois anos seguidos com baixa ocorrência de dengue, portanto é necessário que os profissionais de saúde estejam atentos a esse aumento de casos. É preciso que eles estejam mais sensíveis e atentos para a dengue na hora de fazer o diagnóstico. Quanto mais cedo o paciente for diagnosticado e der início ao tratamento, menor o risco de agravamento da doença e de evoluir para óbito”, explica o secretário.
Zika e chikungunya
Até o dia 16 de março, também foram registrados em território mineiro 716 casos de chikungunya e 146 de zika.
Os casos de zika também aumentaram no país, mas de forma mais discreta. Até 2 de março, foram 2.062 registros. No mesmo período, foram contabilizados 1.908 casos prováveis. A maior incidência foi em Tocantins - com 47 casos a cada 100 mil habitantes - e o Acre, com 9,5 casos a cada 100 mil.
A chikungunya, por sua vez, registrou uma redução de 44% no país. Até 16 de março, foram 12.942 casos. Em 2018, foram 23.484. As maiores incidências são no Rio de Janeiro (39,4 casos/100 mil habitantes), Tocantins (22,5 casos/100 mil habitantes), Pará (18,9 casos/100 mil habitantes.) e Acre (8,6 casos/100 mil habitantes). Em 2019, não foram confirmados óbitos por chikungunya. No mesmo período de 2018, foram confirmadas nove mortes.
* Com Estadão Conteúdo / Hoje em Dia
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