Cerca de 84,6% dos 28.918 casos de infecção pelo novo coronavírus confirmados pela Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) em Minas Gerais ontem são de moradores de cidades do interior do Estado.
A doença se alastra em cidades menores, onde a estrutura de saúde é menos reforçada e a movimentação de reabertura do comércio é mais intensa.
Para o médico infectologista Estêvão Urbano, presidente da Sociedade Mineira de Infectologia, o problema todo da evolução da doença no interior é justamente o risco de saturação de sistemas de saúde já deficitários. “A falta de recursos técnicos e humanos para auxiliar esse paciente acaba aumentando a letalidade da doença, já que casos que poderiam ser revertidos com atendimento adequado não terão essa oportunidade”, explicou.
O sistema de saúde no Vale do Aço, por exemplo, atingiu sua capacidade máxima: todos os 153 leitos de terapia intensiva estão ocupados. A situação também é crítica na porção norte do Triângulo e no Noroeste do Estado, onde quase não há mais vagas para pacientes com qualquer enfermidade que necessite internação em UTI.
Capinópolis, no Triângulo, viu o número de casos de Covid-19 crescer exponencialmente nos últimos 21 dias. A cidade passou de um caso no dia 31 de maio para 47 ontem, uma média de duas novas infecções por dia. A secretária de Saúde do município, Sandra Barbosa, atribui o aumento a dois fatores além da evolução natural da pandemia: flexibilização do isolamento e aumento nas testagens.
“Adotamos a política de testar todos os contatos domiciliares de quem apresentou resultado positivo, mesmo que assintomáticos, além de testar viajantes, o que a maioria dos municípios não faz”, disse. Por conta do crescente aumento de casos, a secretária afirmou que Capinópolis deve decretar lockdown até o fim da semana. “Era o que todos deveriam fazer, ficar tudo fechado por pelo menos 15 dias para avaliarmos a situação e definir os próximos passos com segurança”, acredita.
Em Minas, 34% dos 2.855 leitos de UTI estão concentrados na região Central do Estado, onde estão Belo Horizonte e outros 103 municípios, segundo dados da SES-MG. A região é uma das poucas que ainda tem um certo fôlego, com 139 dos 991 leitos de UTI, livres, com quase um terço deles localizados na capital.
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