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Covid-19: Sem leitos de UTI, médicos escolhem ‘quem vive e quem morre’ em BH

UPA Barreiro vive caos diário com alto número de pacientes

30/06/2020 às 11h37
Por: Redação Fonte: Bhaz
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Whatsapp/Reprodução
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O esgotamento de leitos em Belo Horizonte tem forçado profissionais da saúde a escolher quem tem mais chances de sobreviver para receber o tratamento contra a Covid-19. Uma denúncia feita pelo Sindibel (Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Belo Horizonte) mostra a UPA Barreiro lotada, sem condições de transferir pacientes em estado gravíssimo para hospitais. A situação caótica começou a fazer parte da rotina dos pacientes da capital. Segundo a PBH (Prefeitura de Belo Horizonte), mais leitos serão abertos.

Os profissionais de saúde que trabalham na UPA Barreiro viveram um momento delicado junto aos pacientes, nesse domingo (28). De acordo com o Sindibel, oito pacientes com o novo coronavírus chegaram ao local em estado gravíssimo. Sem centros de saúde para serem transferidos, eles ficaram desde às 10h até o início da noite para conseguirem um hospital com vaga.

A escolha

Com falta de ar e apenas dois respiradores, os profissionais escolheram dois pacientes para utilizar os equipamentos. Os outros seis precisaram aguardar até um hospital liberar vagas de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) para que eles pudessem ser transferidos. A taxa de ocupação de leitos, segundo a PBH, está em 87% para UTIs destinados à Covid-19, e 88% para as outras doenças. Nas enfermarias, a taxa de ocupação é de 71% nos leitos para o novo coronavírus, e de 68% para as outras enfermidades.

“A gente já vinha fazendo um alerta para a PBH há duas semanas, que a situação da pandemia estava ficando mais grave do que parece. Chegou nesse nível. Escolher quem vive e quem morre já é uma realidade na cidade”, explica Israel Arimar de Moura, presidente do Sindibel, em entrevista à reportagem.

Em um vídeo da UPA Barreiro enviado à reportagem, é possível ver pacientes aglomerados em um local improvisado, enquanto aguardam transferências. A UPA é um local de atendimento de complexidade leve ou média, não tendo suporte para atender casos gravíssimos, como os que apareceram nesse domingo.

Uma profissional da saúde desabafa durante o vídeo. “Não é só aqui não, em todas as UPAs está assim. Sala caótica, sem fonte de oxigênio, pacientes passando mal do lado de fora. Sem a mínima condição de trabalhar, tem pacientes lá fora com pressão inaudível, sendo atendido no corredor […]. Está impossível, sem condição”. Assista:

 

Profissionais da saúde infectados em BH aumentam 808% em um mês

O número de profissionais da saúde diagnosticados com a Covid-19 não para de crescer em BH. Segundo levantamento do Sindibel, em maio, eram 12 profissionais infectados. Em junho, o número saltou para 109, um aumento estrondoso de 808%. “Os testes de confirmação não são oferecidos a todos os servidores, por isso achamos que o número é maior. Os que não estão na ‘linha de frente’ precisam pagar do próprio bolso”, explica o presidente do Sindibel.

Ainda de acordo com o sindicato, a superlotação também está sobrecarregando o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência). “Recebi relatos de que algumas ambulâncias do Samu estão precisando transportar mais de um paciente com suspeita da Covid-19 por vez, por conta da alta demanda”, continua.

O presidente do sindicato também fala de vagas em hospitais particulares. “É necessário a PBH reunir com o governo do Estado e começar ampliar o número de UTIs. É preciso uma discussão com a rede privada de forma urgente. A última informação que tivemos é que tínhamos leitos ociosos nos hospitais particulares. O que estamos cobrando é que se faça um convênio com esses locais, uma ocupação temporária”, defende.

Outro ponto é em relação ao hospital de campanha, instalado pelo governo de Minas no Expominas, na Gameleira, na região Oeste. O local ainda está fechado. Esse tipo de hospital só oferece leitos de enfermaria e de estabilização. O espaço não tem leitos de UTI, fundamentais no tratamento de casos graves de Covid-19.

Médica relata princípio de caos

Uma médica da UPA Centro-Sul, que prefere não se identificar, diz que o local também teve um aumento expressivo de pacientes. “Temos atendido muitos pacientes com sintomas da Covid-19, e, geralmente, eles possuem outras doenças de base, como diabetes, pressão alta, asma, entre outras. A piora foi mesmo nessas últimas duas semanas”, explica.

Segundo a profissional, os pacientes antes demoravam pouco menos de 3 horas para serem transferidos. “Agora estão demorando de 6 a 12 horas, dependendo do dia. Já estamos beirando a falta de controle mesmo. Lá na UPA temos três ventiladores para urgências, mas não é um hospital. A UPA é como se fosse uma ponte que leva os casos mais graves para um atendimento adequado”, continua a médica.

Ainda segundo a profissional da saúde, começa a faltar medicamentos. “Na UPA, estão passando aperto para comprar, estamos tendo que buscar outros medicamentos, mas às vezes são mais caros ou indisponíveis. Não se produz de uma hora para outra, é algo que demanda tempo”, completa.

PBH abre novos leitos e pede ajuda da população

De acordo com a PBH, em junho, foram abertos 232 leitos Covid na Rede SUS/BH – 81 UTIs e 151 enfermarias. “Somente na última semana, a Prefeitura de Belo Horizonte colocou em funcionamento, desde a quinta-feira (25), 74 novos leitos Covid, sendo 19 UTIs e 55 enfermarias. Somando as unidades Covid de enfermaria (798) e UTI (301), o SUS-BH conta hoje com 1.099 leitos. Em março, eram 196 leitos Covid: 82 de UTI e 114 de enfermaria. Um aumento de mais de 460% de leitos (no comparativo março/junho)”.

A PBH, por meio da Secretaria Municipal de Saúde, ainda destaca que, para conter a contaminação pela Covid-19, “é extremamente necessário que a população siga as medidas de prevenção como o uso de máscaras, distanciamento de 2 metros, isolamento social e higienização das mãos. Caso os índices de contaminação não sejam reduzidos, todos os esforços de abertura de novos leitos para o atendimento de pacientes podem não ser suficientes para o volume de pessoas que vão necessitar de assistência”.

E o hospital de campanha?

O Governo de Minas informou, por meio de nota, que o hospital de campanha deve ser inaugurado em 10 dias. “Será utilizado em caso de necessidade, ou seja, quando esgotada todas as possibilidades de atendimento na rede hospitalar convencional do Estado. O Governo de Minas está acompanhando o crescimento de ocupação dos leitos e identificando a necessidade da abertura do Hospital de Campanha”.

Sobre os profissionais de saúde infectados, a SES-MG (Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais) disse que “acompanha com atenção a situação dos profissionais de saúde infectados com a Covid-19 no Estado. A secretaria reforça as recomendações do uso de equipamentos de proteção individual, como máscaras, luvas, capotes, gorros e itens de higienização (álcool gel e sabão). Para os profissionais infectados, a SES-MG mantém determinações de afastamento por 10 dias, em casos de aparecimento de sintomas”.

A situação dos hospitais particulares com leitos ociosos também foi questionada, contudo, o governo informou que está verificando tal demanda.

 

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