Prefeitos de cidades da bacia do rio Paraopeba vão se reunir, nesta terça-feira (15), em Betim, para discutir medidas contra a mineradora Vale. A reunião será em Betim. O objetivo é debater o impacto das chuvas de janeiro que resultaram numa invasão de lama do rio com rejeitos de minérios da empresa e cobrar medidas efetivas de reparação da mineradora.
Isso porque, como as chuvas continuam, o receio dos gestores é que as enchentes se repitam nas cidades que foram atingidas no mês passado antes mesmo de haver a recuperação das áreas atingidas.
Ainda no mês de janeiro, o Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam) e a Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam) determinaram que a empresa apoiasse as prefeituras dos municípios atingidos pelas chuvas nas ações de limpeza de vias públicas e de propriedades particulares, mas nenhuma ação efetiva por parte da Vale foi realizada.
“Betim está providenciando um estudo de campo que medirá o volume de dejetos nas áreas atingidas, mas que já prevê um novo desastre ambiental. O material, além de tóxico, é de difícil remoção. Acabou com as redes de drenagem, as saídas de água, as fossas e as cisternas na região de Citrolândia, a região mais impactada com as enchentes no município”, salienta o prefeito de Betim, Vittorio Medioli, que acrescenta que as enchentes revelaram um passivo incalculável, infertilizando uma área imensa às margens do Paraopeba
Para o secretário municipal de Meio Ambiente e presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Paraopeba, Ednard Tolomeu, a notificação feita pelo governo do Estado à Vale reforça as suspeitas dos municípios afetados de que a lama que invadiu as casas deve conter rejeitos da barragem de Brumadinho.
“O texto do Estado deixa expressa a preocupação com o ‘carreamento de rejeitos’. Além disso, a notificação obriga a mineradora a executar ações de estabilização de taludes e de margens ao longo de todos os rios da bacia hidrográfica do Paraopeba afetados por cheias, inclusive para evitar a erosão e que mais rejeitos cheguem aos cursos d´água”.
Procurada, a Vale respondeu em nota que, desde o dia 8 de janeiro, "atendeu a diversas solicitações do poder público de municípios da Bacia do Paraopeba, em caráter emergencial, voluntário e humanitário".
"A empresa forneceu veículos e equipamentos como caminhão, caminhão-pipa e retroescavadeira para auxiliar as Defesas Civis e demais autoridades nas medidas de apoio às comunidades afetadas, apoiando os municípios de Brumadinho, Betim, Mário Campos, São Joaquim de Bicas e Pompéu. Todos os serviços solicitados e acordados com as prefeituras já foram executados.
Além disso, a Vale entregou no período emergencial, na bacia do Paraopeba, mais de 480 mil litros de água, além de cestas básicas, produtos de limpeza, higiene pessoal, colchões e EPIs. A companhia esclarece que mantém diálogo constante com o Sistema Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Sisema) e vem prestando todos os esclarecimentos relacionados a eventuais efeitos causados pelos alagamentos que possam ter relação com os impactos do rompimento da barragem B1 em 2019", diz a nota.
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