A cantora Cinara Gomes denunciou pelas redes sociais ter sido vítima de agressões racistas, durante um show em BH. O crime teria acontecido, enquanto a artista comandava uma roda de samba, no bar Saruê, no bairro Castelo, na região da Pampulha. Segundo a denúncia, moradores do prédio em frente ao estabelecimento imitaram macacos e fizeram gestos ofensivos contra Cinara e outros integrantes da banda.
A cantora compartilhou pelas redes sociais um desabafo sobre o caso e convocou a população para um ato antirracista no local. Em postagem feita nessa sexta-feira (18), Cinara relatou os acontecimentos do último domingo (13).
“Na ocasião, minha reação foi perguntar o que estava acontecendo, já que não havia motivo para se dirigirem a nós daquela forma. Relatei meu descontentamento com a falta de respeito a mim, aos meus e ao meu trabalho. Encerrei o samba com uma tristeza profunda”, escreveu.
Segundo o relato da artista, confirmado por testemunhas à Polícia Militar, quatro homens na sacada de um prédio vizinho foram os responsáveis pelas agressões. “Fazendo gestos ofensivos e imitando macacos, tentaram – e conseguiram – me constranger e me desestabilizar enquanto eu cantava”, publicou a cantora.
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As testemunhas também explicaram aos policiais que os homens chegaram até a sacada do prédio e começaram a fazer gestos de desprezo para o show. Nesse momento, Cinara teria respondido dizendo que estava trabalhando, exigiu respeito e acrescentou que “eles não eram obrigados a assistir show dela”.
Para continuar a provocar a artista e os outros integrantes da banda, eles teriam começado a imitar macacos e fazer outros gestos ofensivos. As pessoas que estavam no bar vaiaram os homens e, após cantar mais duas músicas, Cinara encerrou o show, se sentindo abalada.
A Polícia Militar foi chamada até o local e, em conversa com os envolvidos, conseguiu identificar dois dos quatro homens responsáveis pelas agressões. Segundo o relato de um representante do bar, os autores provavelmente são dois homens, de 25 e 26 anos, conhecidos pela equipe do estabelecimento.
Os militares tocaram o interfone no prédio onde os autores estavam, porém não foram atendidos.
Na publicação de Cinara, a artista agradeceu o apoio prestado pelo Bar Saruê. O estabelecimento também usou as redes sociais para divulgar uma nota de repúdio. “O Saruê reafirma seu compromisso contra o racismo e reforça a importância da denúncia formal nestes casos. Diante do ocorrido, estamos tomando todas as medidas judiciais cabíveis e apoio às vítimas, que se pronunciarão quando sentirem vontade”, diz o comunicado.
“Se alguém mais se sentiu agredido nessa tarde, pedimos que entre em contato conosco, para que possamos construir juntos essa denúncia”, conclui a nota.
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Para protestar contra o racismo sofrido, Cinara convocou a população para um ato antirracista em frente ao bar. A manifestação pacífica foi marcada para este domingo (20), às 13h, no gramado próximo ao estabelecimento.
“Dilacerada com essa forma estúpida, explícita e preconceituosa de ofensa ao meu trabalho e à minha raça, gostaria de convocar a quem se interessar pela luta antirracista, para um ato pacífico”, detalhou a artista.
“Proponho uma ocupação no gramado em frente ao bar, onde poderemos estender cangas, levar cartazes e faixas de protesto contra o crime de injúria racial/ racismo. O propósito é que as pessoas se conscientizem da gravidade deste tipo de crime, para que não mais aconteça. Agradeço pelo apoio e reitero que a luta antirracista deve ser uma luta de todes!!!!”, concluiu Cinara.
De acordo com o CNJ (Conselho Nacional de Justiça), é classificada como crime de racismo – previsto na Lei n. 7.716/1989 – toda conduta discriminatória contra “um grupo ou coletividade indeterminada de indivíduos, discriminando toda a integralidade de uma raça”.
A lei enquadra uma série de situações como crime de racismo. Por exemplo: recusar ou impedir acesso a estabelecimento comercial, impedir o acesso às entradas sociais em edifícios públicos ou residenciais, negar ou obstar emprego em empresa privada, além de induzir e incitar discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional. O crime de racismo é inafiançável e imprescritível, conforme determina o artigo 5º da Constituição Federal.
Já a discriminação que não se dirige ao coletivo, mas a uma pessoa específica, também é crime. Trata-se de injúria racial, crime associado ao uso de palavras depreciativas referentes à raça ou cor com a intenção de ofender a honra da vítima – é o caso dos diversos episódios registrados no futebol, por exemplo, quando jogadores negros são chamados de “macacos” e outros termos ofensivos.
Quem comete injúria racial pode pegar pena de reclusão de um a três anos e multa, além da pena correspondente à violência, para quem cometê-la. Em outubro de 2021, o STF (Supremo Tribunal Federal) decidiu que o crime de injúria racial também deve ser declarado imprescritível e inafiançável, assim como o crime de racismo.
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