Com a voz embargada, Pietro Gomes Chaves clama por justiça após ver a família mais uma vez despedaçada, desta vez com a morte da irmã, Cássia Chaves, de 35 anos. Ela foi atropelada por uma BMW na avenida Raja Gabaglia, no bairro Santa Lúcia, região Centro-Sul de Belo Horizonte, por um jovem de 24 anos que dirigia em alta velocidade e, segundo a Polícia Militar, foi constatado que estava embriagado. “Pedimos que o caso não pare de forma nenhuma na Justiça e não seja mais um crime impune, como vemos tanto na nossa sociedade, que é comprada por dinheiro”, disse.
Cássia era trabalhadora autônoma e atuava na área da estética. Segundo Pietro, ela estava em uma festa com uma amiga, quando decidiu ir embora por volta da 0h40, na madrugada da segunda-feira (28). “Como ela não é de chegar tarde em casa, decidiu retornar. Foram para o carro e aconteceu isso, de pegar esse ‘abençoado’ bêbado e imprudente que acabou com a vida de uma pessoa que não estava fazendo nada de errado”, declarou.
Única irmã de Pietro, ela ainda deixa um filho de apenas nove anos, que já sofria com problemas psicológicos por conta de perdas recentes. O pai de Pietro e Cássia faleceu há cerca de três anos, depois a mãe também morreu e na sequência o avô deles. “Agora não tem jeito mais, a minha irmã já se foi e agora é cuidar do meu sobrinho, que está com o pai, mas tem as suas necessidades e era ela que arcava com quase 100% de tudo, mesmo trabalhando como autônoma. Ele fazia tratamento psicológico, e tudo”, acrescentou.
Segundo o irmão, o sobrinho era muito ligado à mãe e foi preciso todo um apoio com psicólogo para contar a notícia. “Estamos contando aos poucos, conversando com a psicóloga para saber o jeito mais fácil e melhor de falar. Estamos pisando em ovos para poder contar da melhor forma. Ele era muito ligado à mãe, perdeu a avó recentemente, o bisavô também, que gostava muito dele”, relatou. Cássia vivia com o filho no bairro Cabral, em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte. Já o velório acontece nesta terça (1), em Nova Lima.
“Estou falando com lágrimas nos olhos e até dificuldade. Foi muita imprudência e também quero que a justiça divina seja feita, que ele reflita sobre o que fez e que Deus também o abençoe”, finalizou Pietro.
Suspeito foi preso em flagrante
Após o atropelamento, Daniel Boczar Leão fugiu sem prestar socorro. Uma testemunha que viu o acidente deu detalhes do caso para a PM e também informou que o carro era uma BMW azul. Mais tarde, a base da corporação disse que localizou um veículo semelhante na região da Savassi. Nervoso e com sinais de embriaguez, ele ainda teria informado aos policiais que sofreu uma tentativa de assalto e brigado com flanelinhas na rua Fernandes Tourinho.
A guarnição foi até o local e conversaram com os flanelinhas, que negaram a situação e ainda disseram ter visto três pessoas dentro de um carro, muito nervosas e conversando sobre um atropelamento. Os policiais ainda recolheram um limpador de pára-brisas próximo ao acidente e compararam com o veículo localizado na Savassi. Diante das provas e da falsa comunicação de crime, Daniel foi preso em flagrante "pela prática do crime de homicídio culposo, na condução do veículo automotor, sob influência de álcool e por omissão de socorro à vítima do acidente".
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