O Ministério Público Federal (MPF) informou, nesta quinta-feira (12), que denunciou quatro pessoas por crime de trabalho escravo doméstico cometido contra Madalena Gordiano. A vítima foi resgatada há dois anos em Patos de Minas, no Triângulo Mineiro, após 15 anos na condição análoga à escravidão. Três dos acusados também responderão por roubo.
De acordo com o MPF, a Justiça Federal recebeu a denúncia no último 22 de abril e, em seguida, instaurou ação penal para o caso. Se condenados pelos crimes de trabalho escravo e violência doméstica, os acusados estarão sujeitos a penas que, somadas, podem ir de dois anos e três meses a 11 anos de prisão. O crime de roubo tem pena prevista de cinco anos e quatro meses a 15 anos de prisão.
O casal D.C.M.R. e V.L.R. e as duas filhas R.F.L.R. e B.L.R.N. foram denunciados pelos crimes de redução de trabalhador à condição análoga à de escravo e violência doméstica, ambos previstos no Código Penal. Já os três primeiros envolvidos ainda responderão pelo crime de roubo.
Madalena Gordiano foi resgatada no dia 26 de novembro de 2020, na cidade de Patos de Minas, por fiscais da Superintendência Regional do Trabalho (SRT-MG) e pela Polícia Federal (PF). Os agentes chegaram ao local após denúncias de vizinhos que receberam o pedido de socorro da vítima.
Conforme a denúncia, Madalena foi mantida em regime análogo ao de escravidão pelos empregadores por mais de 15 anos. Durante esse tempo, ela nunca recebeu qualquer pagamento por seus serviços e foi submetida a jornadas exaustivas, com restrição de locomoção.
Além disso, ela teve negado "todo e qualquer direito trabalhista, como férias, descanso semanal remunerado e intervalos intra e interjornada, além de direitos fundamentais da pessoa humana, como alimentação, saúde, higiene, educação, lazer, entre outros", informou a denúncia.
Ainda conforme o MPF, os empregadores ainda se apropriaram, ao longo dos anos, de todos os recursos previdenciários que a vítima recebia a título de pensões, civil e militar, pelo falecimento do marido.
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