Um sonho de infância, coragem e muito amor por cavalos e pela cultura mineira. Assim pode ser resumida a jornada de Rodrigo, sua esposa Ana e seu pai Vital, que concluíram nesta semana uma expedição épica de aproximadamente 2 mil quilômetros a cavalo, do Jalapão, no Tocantins, até Belo Horizonte, onde participam da 42ª Exposição Nacional do Mangalarga Marchador.
A cavalgada teve início em 20 de fevereiro, com Rodrigo e Ana montados em seus Mangalargas Marchadores, acompanhados de perto pelo pai de Rodrigo, que aos 70 anos assumiu a condução do carro de apoio durante toda a aventura. Além do desejo pessoal de atravessar o Brasil a cavalo, o projeto teve como propósito fomentar o uso da raça Mangalarga no turismo equestre e promover a causa dos bancos ortopédicos filantrópicos.
Durante a longa jornada, marcada por calor intenso, dificuldades logísticas e momentos de introspecção, o trio foi acolhido por diversas comunidades. Um dos momentos mais especiais aconteceu em Cordisburgo, terra natal de João Guimarães Rosa. Admiradores do autor e conscientes da importância simbólica da cidade, Rodrigo e Ana fizeram questão de incluir Cordisburgo no trajeto.
A primeira parada foi na histórica Fazenda Paulista, onde foram recebidos calorosamente por André Zumzum. Ali passaram a noite sob a luz de velas, saboreando pratos típicos da culinária mineira em uma experiência que uniu simplicidade, hospitalidade e afeto. Foi também com André que conheceram de perto o projeto Caminhos de Rosa, que percorre os lendários caminhos do Grande Sertão: Veredas com atletas de corrida e ciclismo enfrentando terrenos desafiadores, uma proposta que guarda semelhança com a paixão do casal pelas trilhas e pelo sertão.
No dia seguinte, seguiram para o centro da cidade, onde visitaram o Museu Casa Guimarães Rosa, revivendo passagens do escritor que tão bem retratou o sertão mineiro. A visita se estendeu ao Museu de Brasinha, onde ouviram histórias cheias de memória e emoção contadas pelo próprio anfitrião. Encerraram a estadia pernoitando no Sindicato dos Produtores Rurais de Cordisburgo, partindo no dia seguinte rumo à cidade de Paraopeba.
A passagem por Cordisburgo foi uma homenagem e uma necessidade. Segundo eles, era impossível cruzar Minas Gerais e não tocar nesse chão cheio de histórias e poesia.
A chegada ao Parque de Exposições da Gameleira, em Belo Horizonte, aconteceu no último sábado (19), marcando o fim da jornada. Rodrigo, que vendeu a casa, o restaurante e a pousada para tornar o projeto realidade, reforça: “A vida é muito mais sobre realizar do que acumular. Essa viagem transformou nossa visão de mundo.”
O casal compartilhou os registros da expedição ao longo do trajeto por meio de vídeos e relatos publicados em seu canal no YouTube (Expedições a Cavalo) e também no perfil oficial no Instagram (@expedicoesacavalo), inspirando outras pessoas a perseguirem seus sonhos, mesmo que longos e sobre selas.
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