20/02/2016 às 11h02Atualizada em 21/02/2016 às 20h14
Por: RedaçãoFonte: SINMED-MG
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Em Sete Lagoas, a afronta aos direitos trabalhistas e o descaso completo com a saúde da população têm sido a tônica da administração pública. Reunidos em Assembleia Geral Extraordinária (AGE), dia 17 de fevereiro, médicos do município deliberaram por iniciar um movimento de paralisações até que a situação da categoria seja resolvida e providências sejam tomadas. A reunião foi convocada pelo Sindicato dos Médicos de Minas Gerais (Sinmed-MG), representante legítimo da categoria. As primeiras paralisações, de 24 horas, ocorrem nas próximas quarta-feira (dia 24/fev) e sexta-feira (dia 26/fev), a partir das 7 horas da manhã até 7 horas do dia seguinte. Os atendimentos de urgência e emergência serão mantidos. Segundo os médicos, a deliberação por paralisações é uma forma de mostrar aos gestores a insatisfação da categoria e também de alertar a população sobre o que está acontecendo nos bastidores da saúde. Na assembleia, a frase que mais se ouvia era: “A situação nunca esteve tão ruim como agora. A saúde está um caos!”. Sofrem os médicos e trabalhadores da saúde, mas sofre principalmente a população que corre sérios riscos de uma desassistência ainda maior se nada for feito com urgência, alerta o sindicato. Relatos de situações de precariedade impressionam Durante a assembleia, dia 17, os médicos relataram, em tom de revolta e indignação, várias situações de desassistência e falta de condições de trabalho enfrentadas no dia a dia nas unidades de saúde de Sete Lagoas. • Na UPA Norte, única do município, a limpeza, que era realizada por 10 encarregados de serviço geral, agora é feita por dois. O local está imundo, segundo os relatos com sangue, baratas, insetos e todo tipo de sujeita pelo chão. • Médicos de unidades básicas de saúde relataram falta de aparelho para medir pressão dos pacientes, tendo que levar de casa. • Relatos de várias situações de falta de segurança e agressões, principalmente no Pronto Atendimento Belo Vale. • Relatos de falta de papel para receituário em várias unidades. • Denúncias sobre a burocracia necessária para cada exame, para dificultar a vida dos pacientes e médicos. • Denúncias sobre falta de remédios de toda ordem – médico disse que em seu posto não havia um só medicamento. • Denúncias que no Posto de Saúde Santo Antônio a geladeira com as vacinas ficou desligada por um mês por “falta de tomada”, sem que a unidade pudesse oferecer esse serviço. • Denúncias sobre falta de material básico de higiene como papel para secar as mãos e álcool. • Goteiras e rachaduras em unidades de saúde. Estrutura precária na maioria das unidades. • Médicos denunciaram que a Prefeitura acabou de uma hora para outra com os plantões de neurologia, despedindo os profissionais da especialidade. Foi lembrado pelos presentes que, apesar de não ter estrutura para atender a própria comunidade, Sete Lagoas é cidade-polo de 45 municípios na questão da saúde, englobando um universo de mais de 1 milhão de pessoas. Desrespeito aos direitos do trabalhador A absoluta maioria dos médicos de Sete Lagoas não são concursados. A situação evidencia um claro desrespeito à Lei, que permite aos aparatos públicos contratos apenas temporários e em situações especificas. Para piorar, grande parte dos contratos realizados com a categoria são “de boca”, deixando os profissionais completamente à mercê da Prefeitura. Outro problema recorrente, e cada vez pior, tem sido o atraso nos salários, chegando a dois meses sem pagamento. O décimo-terceiro ainda não foi pago. Os valores dos plantões foram reduzidos pela metade, segundo a categoria. Para piorar a situação, no dia da assembleia com o Sinmed-MG, conforme denúncia dos médicos, o Prefeito havia publicado um decreto extinguindo a gratificação por disponibilidade. A referida gratificação tem um peso importante na remuneração da categoria. Outro problema comum em Sete Lagoas, segundo denunciaram, tem sido o “assédio moral” praticado pelos gestores. Qualquer reivindicação ou crítica é vista com maus olhos e pode resultar em ameaças e dispensa dos envolvidos. As decisões arbitrárias são comunicadas por mensagens. Desmotivados e desvalorizados, muitos médicos pediram ou irão pedir exoneração. Diante de tantas arbitrariedades e irregularidades, a categoria, respaldada pelo Sinmed-MG, não viu outra alternativa se não a paralisação dos atendimentos. O sindicato já enviou ofício para a Prefeitura pedindo uma reunião em caráter de urgência. O documento ficou sem resposta. Outro ofício será enviado. O CRMMG também está acompanhando o movimento e já iniciou as fiscalizações na unidade. Entre outras ações, aprovadas em assembleia, o sindicato está preparando um documento para envio ao Ministério Público e órgãos competentes, além de prefeituras e entidades médicas sobre a grave situação do município na questão da assistência à saúde. Alguns dos problemas enfrentados pelos médicos em Sete Lagoas • Salários atrasados • Décimo-terceiro não foi pago • Redução pela metade valores dos plantões • Não pagamento de férias e sem possibilidade de gozar há 3 anos • Suspensão da gratificação por disponibilidade • Informe de rendimento de 2015 referente a 2014 com valores que não foram pagos (férias/indenização de quebra de contrato/1/3 de férias) • Falta de medicamentos básicos • Falta de estrutura e equipamentos básicos nas unidades de saúde • Falta de segurança • Assédio moral • Concurso público que não atende as necessidades do município e muito menos dos profissionais médicos,entre outros.
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