Na área da medicina, sou categórico em afirmar que quanto mais dados científicos confiáveis, que possam embasar tratamentos ou políticas públicas, melhor. Isso deveria ser praxe e não uma novidade, mas em tempos de fake news e da divulgação de um grande volume de estudos questionáveis, esses dados assumem uma importância ainda maior.
No último dia 13 de fevereiro, a JAMA Psychiatry, uma das publicações científicas mais respeitadas do mundo, divulgou um artigo que traz uma conclusão alarmante: quem usa maconha na adolescência tem um risco maior de desenvolver depressão ou comportamento suicida na vida adulta.
Os pesquisadores analisaram os resultados de 11 confiáveis trabalhos internacionais, envolvendo, no total, uma gama de 23.317 participantes acompanhados da adolescência até a fase adulta. Eles foram divididos em dois grupos, um era composto por pessoas que consumiram maconha até os 18 anos de idade e o outro por aqueles que não fizeram uso da droga neste mesmo período. O que os pesquisadores fizeram foi medir o impacto real da cannabis na vida adulta (até os 32 anos) destes participantes, utilizando sofisticadas análises estatísticas. E os resultados impressionam – de uma forma negativa.
Quem usa maconha na adolescência tem um risco 37% maior de ter depressão na fase adulta da vida, do quem não fez uso da droga neste período. As conclusões não param por aí. Estes mesmos usuários também têm 50% mais chances de apresentarem pensamentos suicidas e um risco de tentativa de suicídio três vezes maior do que aquelas pessoas que não usaram maconha. Tal análise pode ser inclusive relacionada a vários estudos que demonstraram a vulnerabilidade do cérebro em sua fase de desenvolvimento, quando exposto às drogas.
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