O Zoológico de Belo Horizonte passa a ter uma ilustre moradora: a fêmea de sauim-de-coleira (Saguinus bicolor) veio do Centro de Primatologia do Rio de Janeiro (CPRJ) e está em quarentena, em espaço reservado, e ainda não pode ser vista pelo público. É a primeira vez que o Zoo abriga essa espécie de primata, que está criticamente ameaçada de extinção. A instituição, agora, está em processo de aquisição de um macho.
A quarentena é procedimento obrigatório e fundamental para garantir que o animal esteja saudável e para facilitar a adaptação ao novo ambiente. Durante esse período, a primata é acompanhada diariamente pela equipe de veterinários e biólogos do Zoo, que fazem exames, avaliações clínicas, ajustes na dieta e monitoramento do comportamento.
A transferência foi realizada conforme as diretrizes do Plano de Ação do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade/Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Primatas (ICMBio/CPB), em parceria com a Associação de Zoológicos e Aquários do Brasil (Azab) e o Jardim Zoológico de BH, administrado pela Fundação de Parques Municipais e Zoobotânica (FPMZB).
A espécie está nas Listas Vermelhas de Espécies Ameaçadas de Extinção como “criticamente em perigo”. “A expertise do corpo técnico do Zoológico, formado por biólogos, médicos veterinários, zootecnista e cuidadores de animais, com amplo conhecimento no manejo de animais silvestres, nos dá a oportunidade de integrar o exemplar e contribuir para a conservação do sauim-de-coleira. Receber essa espécie, que se encontra com tamanho grau de ameaça, mostra mais uma vez à população a importância dos zoológicos como centros de conservação, em especial o de BH, reconhecido nacionalmente por desempenhar tão bem esse papel”, destaca a bióloga e diretora da Zoobotânica, Sandra Cunha.
Distribuição geográfica
Nativo da Amazônia, o sauim-de-coleira tem uma distribuição geográfica bastante restrita: cerca de 7,5 mil km², abrangendo apenas os municípios de Manaus, Rio Preto da Eva e Itacoatiara, no Amazonas, uma das menores áreas de ocorrência conhecidas entre os primatas brasileiros. Entre as principais ameaças à espécie estão a expansão urbana, a destruição e fragmentação do habitat pelo desmatamento e queimadas, assentamentos rurais, poluição, predação por cães e captura para criação como animal de estimação. Além disso, fatores relacionados à malha viária, como atropelamentos e choques elétricos em redes urbanas, também impactam sua sobrevivência.
“Por se tratar de uma espécie criticamente ameaçada, consideramos essa ação de grande relevância, pois está alinhada aos propósitos da instituição de colaborar com a conservação de espécies em risco. O animal vem apresentando boa adaptação e segue sendo monitorado até sua total integração”, ressalta Valéria Pereira, bióloga responsável pelo Setor de Mamíferos do Zoo.
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